A Tiquira, tradicional bebida do Maranhão, conquistou o título de Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado. A distinção, reconhecida pelo governador Carlos Brandão, foi realizada durante o encerramento do II Festival Maranhense da Cachaça, Cultura & Sabores, no último sábado (2).
O ato de registro da Tiquira como Patrimônio Cultural Imaterial Maranhense é uma celebração da importância deste produto como um bem cultural. O registro também institui medidas de salvaguarda pelo governo estadual, garantindo a sustentabilidade e a continuidade da produção da cachaça.
O registro da Tiquira é especialmente significativo porque a produção artesanal dessa bebida envolve saberes tradicionais da população maranhense, transmitidos por gerações, com desempenho na preservação da identidade cultural do estado. Além disso, a titulação fortalece a cadeia produtiva da Tiquira, promovendo a proteção e preservação de conhecimentos tradicionais.
Tiquira: a origem
A Tiquira traz em sua confecção a influência dos povos indígenas, originando-se do cauim, um fermentado de mandioca. Com a chegada dos europeus ao Brasil, técnicas de destilação foram introduzidas, transformando o cauim em tikira, que, posteriormente, tornou-se a Tiquira, um líquido apreciado em todo o estado.
A produção da Tiquira é dispersa em vários municípios do Maranhão e segue um processo artesanal, no qual o amido da mandioca é convertido em açúcares fermentescíveis por bolores nativos que se desenvolvem sobre os beijus de massa de mandioca. A singularidade desse processo é aspecto ímpar na cultura gastronômica maranhense.
A bebida também é notabilizada por sua coloração roxa e sabor robusto, devido ao alto teor alcoólico. Ambos os elementos são um atrativo à curiosidade dos turistas. A história da bebida é ainda enriquecida com lendas, dentre as quais a mais famosa adverte para que o consumidor não tome banho após quatro doses, sob risco de perda de memória.